Wednesday, May 14, 2008

A euforia pela Palma



Hoje começa da distribuição das Palmas de Ouro em Cannes. E o povo do “áudio visual” anda eufórico por temos brasileiros na disputa principal e nas amostras alternativas. Lendo as notas e as matérias relacionadas a premiação, não faço as mesmas apostas que seus escritores.

O Brasil já concorreu com nomes de peso na Croisette. Glauber Rocha, Nelson Perreira; e só ganhou o premio máximo com Anselmo Durte, por “O Pagador de Promessa”. Resumindo: a muito tempo que o cinema brasileiro não entra de verdade no festival de Cannes.

Em 2008 temos: Walter Salles e Daniela Thomas, com “Linha de passe”; Matheus Nachtergaele, concorrendo na amostra paralela; Rodrigo Santoro, com um filme argentino; e o aclamado Fernando Meirelles, com “Ensaio sobre a cegueira”, com um elenco estrelar. Isso falando bem por alto dos representantes latinos americanos.

É nesse momento, quando comentam os representantes nacionais no festival, que me bate uma espécie de birra com jornalistas, críticos, e etc. Não entendo porque tanto “zum..zum..zum” com o Meirelles.

Dizem:

“O grande candidato”

“O precursor da direção nacional no exterior”

Gente, que isso?! Agora o diretor de “Cidade de Deus” é que faz nome do Brasil lá fora??

Acho que o Walter Salles e a Daniela Thomas devem ficar um tanto chateados [para não dizer putos] com essa exacerbação. Alguém tem que avisar aos “informantes desinformados” que Salles e Thomas já faziam cinema lá fora muito antes do senhor Meirelles chegar com o olhar de publicitário.

Para quem não lembra “Central do Brasil” foi tão comentado internacionalmente quanto a história de “Zé Pequeno”. Na França, a dupla, que já era de renome, foi convidada a escrever e dirigir uma seqüência do filme “Paris, eu te amo”.

Então vamos com calma, né?

Não estou dizendo que “Cidade de Deus” é um filme ruim, ao contrário, é um belíssimo filme. Além de inovador, é inteligente. Só não acho que deve ser tão aclamado quanto o é. O filme mostra uma linguagem cinematográfica nova, como já disse tem a visão da publicidade. Vale lembrar que o diretor trabalhou anos e anos em agências publicitárias. Por isso essa sensação de romper com as barreiras, de nova linguagem.

Agora que o Fernando Meirelles aproveita para fazer fama, isso ninguém pode negar. Também ele seria burro se não entrasse na onda..hehe..

Mas o que eu percebo é quase uma criação de um Paulo Coelho do cinema nacional.
O cara que teve uma idéia de aproveitar um assunto. Dá certo, ele vende e a partir daí é citado como ícone da literatura brasileira no cenário internacional.

Enquanto aqui em terras tupiniquins, temos no cinema: Heltor Dhalia (“Cheiro do ralo”), Carla Ribas (“A casa de Alice”), José Padilha (“Tropa de elite”), Beto Brant e Renato Ciasca (“Cão sem dono”); para não citar os veteranos como Eduardo Coutinho, recentemente premiado por “Jogo de cena”.

E a estes nomes premiados restam a nota de rodapé dos jornais, a não divulgação nacional, e porque não dizer, o esquecimento. Além de terem que permanecer sempre à sombra eterna de “Cidade de Deus”.

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